sexta-feira, 18 de julho de 2008

Minha casa interior

A um rabino muito justo foi permitido que visitasse o purgatório e o paraíso. Primeiramente foi levado ao purgatório, de onde provinham os gritos horrendos de rostos angustiados. Estavam todos sentados em volta de uma grande mesa e sobre ela estavam as comidas mais deliciosas, disposta na louça mais maravilhosa. Não entendendo por que sofriam tanto, o rabino viu que os cotovelos daquela gente eram invertidos. Eles não podiam dobrar os braços e levar todas aquelas delícias à boca.

O rabino foi então para o paraíso, onde ouviu as mais deliciosas gargalhadas e onde reinava um clima de festa. Porém, encontrou todos sentados em volta da mesma mesa que vira no purgatório, contendo as mesmas iguarias, tudo igual - inclusive os cotovelos, invertidos também, apenas com um detalhe adicional: cada um levava a comida à boca do outro...

Ouvi outro dia numa palestra que, de acordo com a sabedoria dos rabinos, relatada por Nilton Bonder na trilogia A Cabala do Dinheiro, A Cabala da Comida e A Cabala da Inveja, qualquer homem pode ser conhecido pela maneira como lida com três elementos: o copo, o bolso e a raiva. Os três revelam como somos no mais íntimo ser...

Os rabinos também quationam por que os justos e honestos geralmente enfrentam situações tão ruins, ao passo que que há tantos perversos com vida boa?
O fato é que não somos governados por leis deterministas e cartesianas. O acaso ocorre, frequentemente, e para uma atitude correta nem sempre corersponde um efeito positivo. Não podemos controlar as inúmeras possibilidades contidas em cada situação. Coisas erradas e incompreensíveis acontecem a pessoas corretas, boas e justas.

A vida prepara armadilhas e um dos propósitos é nos transformar em seres mais humildes, menos pretensiosos. Abre-se assim a possibilidade de considerarmos nossas ações (e a dos outros) sem tantos julgamentos, sem esperar resultados, já que nunca sabemos exatamente o que virá!

Rosana Rossi

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