segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pontos e Vírgulas



Nesta semana comecei a ler o livro "O Vendedor de Sonhos", do psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury, e algumas abordagens me chamaram a atenção. A história fala sobre um professor universitário, aqueles típicos intelectuais, téorico das soluções para o mundo, que se vê cansado dos debates acadêmicos, percebe que sua vida não tem a menor graça e, desgostoso, sobe no alto de um prédio com a intenção de se matar. Ninguém consegue convencê-lo a mudar de idéia, até que um maltrapilho, um homem que não tem títulos nem posses, consegue provocar reflexões tão profundas no acadêmico, que ele desiste do suicídio e se contagia pela euforia despretensiosa do mendigo.

Num dos diálogos, ainda no alto do edifício, à beira da morte, o intelectual fala para o "ignorante": "Tentei estimular meus alunos a pensar, mas formei repetidores de informações. Tentei contribuir para a sociedade, mas percebi que eu mesmo era uma ilha de soberba. Se conseguir vender um pouco de sonhos para algumas pessoas, tal qual esse misterioso homem me vendeu, minha vida terá mais sentido do que teve até aqui".

Para os padrões da chamada "normalidade", poetas e filósofos estão sempre no limiar entre sanidade e loucura. Mas, pensando bem, para onde os paradigmas de todos os tempos nos levaram? Para uma sociedade doentia, destrutiva, utilitarista, anti-ética, que busca conquistar o espaço sideral mas não resolveu conflitos básicos de relacionamento, que pode ir até Marte e Vênus, mas vive distante dos filhos e amigos mais próximoas. Valoriza a superficialidade e a vaidade, olhando com desdém valores verdadeiros e espontâneos.

Nossa sociedade faz pose, mas quando olha no espelho não consegue encontrar motivos para se orgulhar, de fato. Há uma música do Gonzaguinha que fala da beleza de ser um eterno aprendiz. Ler e refletir faz bem à alma daqueles que não se esquecem da simplicidade e da poesia da vida...

Você já deduziu que o homem não se matou (desculpe contar esse detalhe do livro, mas está logo no começo), e teve que rever conceitos, teorias e pseudo-conhecimentos. Como disse o vendedor de sonhos, "para os que pensam em pontos finais, minha sugestão são as vírgulas, apenas vírgulas"...

Um comentário:

angel disse...

Não li ainda este livro mas pela tua resenha é realmente muito bom. Acho que de certo modo digo um pouco disto naquilo que postei hoje. claro, conservando as devidas diferenças porque não sou escritora.
Grande abraço
Angel